sexta-feira, 27 de maio de 2016

Pensando

Estranhamente comecei a pensar sobre mim. O que eu sou, o que eu era, o que eu queria ser. Sobre orgulho, sobre valores, sobre sonhos. Abri "O Sonho de MaddoX" para escrever se quem eu era teria orgulho de mim. Antes de fazer uma nova postagem, vi que eu tinha escrito um texto aqui em 2015. Fiquei curiosa, já que nem me lembrava que eu tinha visitado esse blog vergonhoso. Li o texto. Fiquei impressionada com o número de vírgulas, me senti o Temer na sua cartinha de vice decorativo. Passado isso, li o texto de baixo. Me deu quase uma vontade de chorar. QUE MUDANÇA DE VIDA. Tudo que eu queria em 2013 era liberdade. Libertas que será libertado. A liberdade. Um sonho de liberdade. Liberdade de fazer o que eu quiser e poder ser feliz. A simplicidade da paz. A leveza da paz. O ser humano se acostuma com a vida boa que rapidamente esquece o inferno que era o passado e foi assim comigo. Que vida insuportável que eu tinha, sinceramente não sei como sobrevivi. Não sei como não me matei. Hoje distante de tudo, agradeço por eu sempre ter sido como eu fui. NUNCA aceitei ninguém me mandando fazer as coisas. SEMPRE fiz o que sabia que era o meu dever, mas dentro do MEU tempo. Meu pai dizia que eu teria uma vida horrível por questionar e me impor sobre tudo o que eu acreditava que era certo questionar. A revolta e a insubordinação me fizeram ser essa pessoa maravilhosa que sou (mesmo com os 189.987.232 defeitos que tenho). Ainda pensando sobre o motivo que me fez abrir o blog hoje para escrever. Quando mais nova eu era o perfeito retrato da rebeldia dos jovens de classe média. Eu era rebelde dentro do limite. Eu era fuck the system, fuck the police, fuck the rules, fuck the law, fuck the USA. Mas jogava ps2 e passava 3h por dia na internet, no meu turno de mexer no pc. Eu era muito machista, meio religiosa, quase entrei pra Bola de Neve. RISOS. Hoje, com 1/4 de Século de vida, me curvei ao sistema. SIM, ME CURVEI AO SISTEMA. VOCÊ ESTÁ LENDO CERTO SIM, EU ME CURVEI. E não me curvei ao sistema também. Quem ainda tem a mesma visão que eu tinha antes, eu estou vendida ao sistema, ao dinheiro, ao capital. E quem tem a visão de quem realmente está dentro do sistema, eu não me encaixo bem ao sistema. Crítico a TV HELLO GLOBO, não ponho o dinheiro na frente de tudo, dinheiro para pagar as contas e dar um conforto. Ainda soa estranho usar roupa social. Bizarro ter que passar as roupas. Muito bizarro em ter que me preocupar se as roupas estão rasgadas ou não. QUE MUNDO É ESSE EM QUE EU NÃO POSSO USAR ROUPA RASGADA? Na academia todo mundo fica me olhando. Ao mesmo tempo em que trabalho com roupa social, o sistema me questiona o fato de eu usar tenis de skatista (é importado, amigos. Juro, mesmo preço de uma sandália da SCHUTZ). E a posição política? De neoliberalista, passando a anarquista, e hoje sendo esquerdista? Nas coisas em que não se refere a trabalho, a eu do passado não teria orgulho de quem eu sou hoje. Em relação ao trabalho, ficaria revoltada por usar roupa social, mas ficaria feliz por me vender por trocados, pois sou feliz no meu trabalho, e aparentemente, realizada. Nunca pensei que a minha vida ia melhorar tanto e que 2015 realmente chegaria. Já chegou até 2016. Quem diria que eu seria o que eu sou hoje, hein? Só por eu não ser mais babaca, eu já acho que melhorei muito. O resto eu consegui com o tempo. O tempo traz até sabedoria se houver esperteza. A Marcela de 2004 jamais teria orgulho de mim, mas mesmo eu tendo sido uma idiota, eu tenho muito orgulho pela Marcela de 2004, assim como eu tenho orgulho de todas as Marcelas que eu fui. Afinal, se eu não tivesse vivido cada acontecimento da minha vida de determinado jeito que eu vivi, eu não seria exatamente quem eu sou hoje e do jeito que eu sou hoje. 00:49